Determinados gols ou lances permanecem por toda a vida. Passam de geração para geração e sempre que são novamente vistos ou comentados parece que o tempo parou e eles aconteceram agora há pouco. Estão frescos na memória.
Você, amigo da Casa Corintiana, tem na sua coleção gols, lances e fatos marcantes que vai levar por toda a vida. Esse arquivo na sua memória vai depender, logicamente, da sua idade, do seu tempo de ligação com o Timão.
Por exemplo, se você tem mais de 40 anos vai incluir no seu HD particular o gol de Basílio, em 1977, quando conquistamos o título paulista depois de mais de duas décadas de jejum.
Se você está na faixa dos 30 vai se lembrar das conquistas daquele maravilhoso time do final dos anos 90 e do início do século 21. E por aí vai.
Então, catalogamos esses momentos, perenizamos esses instantes de alegria como se valessem de conforto quando a situação do nosso time está difícil. É mais ou menos como a vida. Quando temos grandes dificuldades, miramos o que foi bom para termos forças para superar os obstáculos.
Porque sabemos que não há mal que tanto dure. Mesmo que também saibamos que existam coisas boas que um dia vão acabar. Mas isso é assunto para outra oportunidade. O que vale é saber que temos que valorizar os bons momentos e acreditar que os maus vão passar rapidamente.
As pedaladas do Robinho sobre Rogério, que resultou em pênalti, na decisão do Campeonato Brasileiro de 2002 vencido pelo Santos jamais serão esquecidas pelos torcedores do Peixe. Eles vão levar isso para sempre. São várias as circunstâncias que perenizam um momento.
Nesse caso, o lance, belo lance por sinal, aconteceu numa decisão de Brasileiro, em seguida houve o pênalti e depois o gol. E contra o Timão, que eles consideram o seu maior rival. E foram campeões. Pronto. Está dada a receita da eternidade. O Santos chegou até a fazer, no ano passado, uma camisa comemorativa daquela jogada.
No dia 6 de novembro de 2005, pelo Campeonato Brasileiro, o Corinthians fez uma goleada histórica no Santos por 7 a 1. O troco foi dado três anos depois com juros. Mas, neste caso o que valeu foi o conjunto da obra. Carlito Tevez fez grandes jogadas, gols, mas o que ficou na cabeça do corintiano foi o placar: o eterno 7 a 1.
Pois bem, precisávamos de uma jogada que marcasse. Um lance, um gol para ser tão lembrado pelos corintianos como as pedaladas de Robinho são comentadas pelos santistas.
Isto aconteceu sete anos depois, no Paulistão de 2009, quando fomos campeões invcitos. O lance e o gol aconteceram na casa do Santos, tendo Pelé como a mais ilustre testemunha, no dia 26 de abril.
Jogo decisivo contra o Peixe pelo Campeonato Paulista. Ronaldo já havia feito um belo gol. Partida complicada. Segundo tempo. O Corinthians vencia por 2 a 1 e estava sendo pressionado.
Foi quando o nosso meio-campista valente e técnico Elias (já estamos com saudades, Elias!) dominou a bola, dando origem a um gol histórico, inesquecível, que vai atravessar gerações.
Elias tocou por entre as pernas de Fabiano Eller para que a bola chegasse a Ronaldo em condições de concluir sem marcação. Mas o zagueiro santista fechou um pouco as pernas, a bola perdeu velocidade e saiu um pouco da trajetória da corrida do Fenômeno em direção ao gol.
Ronaldo teve que diminuir o pique para dominar a bola, dando tempo para que o lateral Triguinho fechasse o campo de ação do atacante corintiano. Inteligentemente, Ronaldo desacelerou, na entrada da grande área deu um toque de calcanhar com o pé direito se livrando de Triguinho e abrindo espaço para concluir com o pé esquerdo.
O goleiro Fábio Costa saiu do seu gol, como deve fazer todo goleiro: fechar o ângulo de chute do atacante. Sim, porque qualquer um vai, normalmente, arrematar quando notar uma brecha e por isso é importante o goleiro se apresentar, diminuindo as opções do atacante.
Aí vem a genialidade fenomenal. Ronaldo não é qualquer atacante. Ele havia percebido que Fábio Costa estava adiantado. Também sabia que já não era aquele garoto que voava baixo. Em outros tempos teria ganho na velocidade do lateral e, já dentro da área, chutado cruzado de direita ou girado o corpo e batido de pé esquerdo pegando o goleiro no contrapé.
Utilizando seu arsenal de recursos que o fez um dos maiores atacantes da história do futebol mundial, Roandlo deu a famosa a “cavadinha”, um toque sutil por baixo da bola que cobriu o goleiro e foi cair mansamente nas redes santistas. Foi cair no nosso eterno arquivo de memórias. Aos 32 minutos da segunda etapa.
Corinthians 3 a 1 com um gol que entrou para a história do futebol, para a história do Corinthians, para a minha e para a sua história, amigo da Casa Corintiana.
Veja o gol histórico em diversas narrações. Emocionante, arrepiante!
Ficha técnica
SANTOS 1 X 3 CORINTHIANS
Local: Vila Belmiro, em Santos (SP)
Data: 26 de abril de 2009, domingo
Horário: 16h (de Brasília)
Renda: R$ 1.044.350,00
Público: 17.259 pagantes
Árbitro: Wilson Luiz Seneme (Fifa)
Assistentes: Emerson Augusto de Carvalho (Fifa) e Everson Luiz Luquesi Soares
Cartões amarelos: Chicão, Cristian, Elias e André Santos (Corinthians); Germano, Fabão e Pará (Santos)
Gols:
SANTOS: Triguinho, aos 15 minutos do segundo tempo.
CORINTHIANS: Chicão aos dez, Ronaldo, aos 25 minutos do primeiro tempo e aos 32 minutos do segundo tempo.
SANTOS: Fábio Costa; Luizinho, Fabão, Fabiano Eller e Triguinho (Maikon Leite); Pará, Germano, Paulo Henrique Lima (Robson) e Madson; Neymar e Kléber Pereira (Roni)
Técnico: Vágner Mancini
CORINTHIANS: Felipe; Alessandro, Chicão, William e André Santos; Cristian (Túlio), Elias, Douglas (Boquita) e Morais; Jorge Henrique (Fabinho) e Ronaldo
Técnico: Mano Menezes
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